Respostas a questões formuladas por uma jovem artista
Mario Cravo qual a sua formação? Cursos? Especializações? Onde?
Difícil de ser caracterizada devido ao envolvimento com fatores múltiplos, ponderáveis, como herança genética, cultural, econômico-financeira. Componentes como emotividade, sensibilidade, instrução, etc., são importantes na formação do artista. Forças físicas e metafísicas são agentes que atuam na formação: influências inspiradoras e motivadoras, até a compleição mística, sensorial e comportamental interagem sobre o homem artista na sua formação, sua psique, na formação do jovem artista, residem componentes ponderáveis (na maioria) até outros imponderáveis.
Acha que os autoditadas têm as mesmas oportunidades dos bacharéis em artes plásticas?
Autoditadas e bacharéis. Autodidatas é aquele artista que se exercita por longos anos no aprendizado empírico. O bacharel segue o programa da formação escolástica tradicional. Ambas as atividades, por si sós, não diferenciam a importância do futuro artista, sua grandeza e genialidade, sua mediocridade e incompetência.
Como classifica seu trabalho, em termos de estilo?
Estilo é uma maneira de ser. Estilo é o homem e vice-versa. Um artista que se proclama expressionista, concreto, minimal, conceitual, etc., está aproveitando o modismo em voga, pouco significa em virtude de tratar-se de um processo imitativo, pouco criativo e despersonalizado. Gerações, grupos, manifestos são registros transitórios de momentos. É a mente criadora de uns poucos artistas que "carregam" o grupo, definem os momentos históricos que se sucedem no tempo.
Técnicas e materiais adotados: Qual sua linguagem plástica?
O artista elege a técnica e os materiais com os quais ele deseja trabalhar. Este é um direito básico, fundamental e inalienável.
Por que cria? Para quem?
Crio para mim e, ao mesmo tempo, para todos. Assim procedo porque está é a minha razão de ser.
Como é seu processo criativo? Fontes de inspiração? Faz pesquisa? Qual?
Por coincidência, estes elementos se interpenetram, funcionam juntos para a maioria das mentes criadoras. Não representa um encontro, é auxiliar e não uma finalidade. A intuição pesa mais. A inspiração apóia-se na ação, na transpiração!
Qual a intenção de sua obra? O que quer comunicar?
Como a própria palavra significa: a intenção é o que pretendo com o ato de fazer (produzir), o que comunico é aquilo que meu trabalho (pintura, escultura, etc.) transmite a cada pessoa (indivíduo), aquela sensação (emoção) que o observador experimenta ao percebê-la.
Minha intenção: transformar, mudar aquilo que classificamos de realidade perceptiva. Comunico a minha visão do mundo, das coisas, dos mitos, dos símbolos, dos homens, da natureza, do universo.
Há quanto tempo faz arte?
Desde o momento em que me conscientizei de que era capaz de criar (estranha sensação...) ainda adolescente, por volta de 16 ou 17 anos de idade.
Viver apenas de arte? Por quê?
Sim, sobrevivo! Por quê? Porque consigo, até o presente momento, aos 86 anos, manter supridas as minhas necessidades básicas. Diria até com certos pequenos "luxos" de vez em quando.
Tem obras expostas em outros países. De maneira geral, como considera que o artista brasileiro é visto no exterior? Quais são os melhores mercados para se entrar?
O artista é "visto" da mesma maneira, aqui e no exterior. Alienado, estranho, revolucionário, amoral e perigoso... Em compensação, há poucos que se dedicam à adoração de gênios insubstituíveis.
Mercado: vai atrás todo artista que quer e necessita "vender o peixe". Problema: Ou continua "pescando" no sonho ou vira "peixeiro" - vendedor de peixe.
Mercado: O mercado é mercador. O criador é criador. É lógico, existem pouquíssimas exceções.
Como você é visto pela crítica?
Quanto mais jovem e inexperiente, mais sensível responderá as críticas de um modo geral. Se elogiosas e incentivadoras, recebe-as de bom grado. Àquelas mais penetrantes e corretivas, com nervosismo, insatisfação e desgosto. Sempre tive críticas mais incentivadoras que restritivas. No momento, vejo-as com tolerância e desconfiança. Na maioria, os críticos tendem a praticar observações demagógicas sobre a produção dos artistas plásticos. São, na maioria das vezes, paternalistas e fazedores de cabeças, almejam realizar-se através de certa manipulação da sensibilidade do jovem artista, já que eles não exercem diretamente o ato criativo.
Qual a importância, em sua opinião, do papel do crítico para a carreira do artista?
Existem críticos, críticos e críticos...
Servem melhor como intérpretes da criatividade. Auxiliam no entendimento das artes; quase sempre, praticam o proselitismo das artes, realizam-se, também, condicionando indivíduos e grupos a seguirem certas e determinadas correntes. São bons quando poetas, melhores se biólogos. Psicólogos também são bons críticos de arte. Os mais fracos são comentaristas, jornalistas e cronistas sociais.
Os grandes críticos são raros. Raríssimos. Para os verdadeiros criadores, atrapalham mais do que ajudam.
Como planeja suas exposições? Recebe algum apoio? Patrocínio? Qual?
Uma exposição é como um parto, mostra quando tiver o que mostrar. O criador apóia-se na sua própria obsessão de transformar o mundo.
Patrocínio? É raro, difícil e desgastante. A maioria dos "mecenas" tem interesses particulares, ou estão pensando em usufruir vantagens, presentes ou futuras. O maior patrocinador do artista plástico é ele próprio.
Técnicas e materiais adotados: Qual sua linguagem plástica?
O artista elege a técnica e os materiais com os quais ele deseja trabalhar. Este é um direito básico, fundamental e inalienável.
Por que cria? Para quem?
Crio para mim e, ao mesmo tempo, para todos. Assim procedo porque está é a minha razão de ser.
Como é seu processo criativo? Fontes de inspiração? Faz pesquisa? Qual?
Por coincidência, estes elementos se interpenetram, funcionam juntos para a maioria das mentes criadoras. Não representa um encontro, é auxiliar e não uma finalidade. A intuição pesa mais. A inspiração apóia-se na ação, na transpiração!
Qual a intenção de sua obra? O que quer comunicar?
Como a própria palavra significa: a intenção é o que pretendo com o ato de fazer (produzir), o que comunico é aquilo que meu trabalho (pintura, escultura, etc.) transmite a cada pessoa (indivíduo), aquela sensação (emoção) que o observador experimenta ao percebê-la.
Minha intenção: transformar, mudar aquilo que classificamos de realidade perceptiva. Comunico a minha visão do mundo, das coisas, dos mitos, dos símbolos, dos homens, da natureza, do universo.
Há quanto tempo faz arte?
Desde o momento em que me conscientizei de que era capaz de criar (estranha sensação...) ainda adolescente, por volta de 16 ou 17 anos de idade.
Viver apenas de arte? Por quê?
Sim, sobrevivo! Por quê? Porque consigo, até o presente momento, aos 86 anos, manter supridas as minhas necessidades básicas. Diria até com certos pequenos "luxos" de vez em quando.
Tem obras expostas em outros países. De maneira geral, como considera que o artista brasileiro é visto no exterior? Quais são os melhores mercados para se entrar?
O artista é "visto" da mesma maneira, aqui e no exterior. Alienado, estranho, revolucionário, amoral e perigoso... Em compensação, há poucos que se dedicam à adoração de gênios insubstituíveis.
Mercado: vai atrás todo artista que quer e necessita "vender o peixe". Problema: Ou continua "pescando" no sonho ou vira "peixeiro" - vendedor de peixe.
Mercado: O mercado é mercador. O criador é criador. É lógico, existem pouquíssimas exceções.
Como você é visto pela crítica?
Quanto mais jovem e inexperiente, mais sensível responderá as críticas de um modo geral. Se elogiosas e incentivadoras, recebe-as de bom grado. Àquelas mais penetrantes e corretivas, com nervosismo, insatisfação e desgosto. Sempre tive críticas mais incentivadoras que restritivas. No momento, vejo-as com tolerância e desconfiança. Na maioria, os críticos tendem a praticar observações demagógicas sobre a produção dos artistas plásticos. São, na maioria das vezes, paternalistas e fazedores de cabeças, almejam realizar-se através de certa manipulação da sensibilidade do jovem artista, já que eles não exercem diretamente o ato criativo.
Qual a importância, em sua opinião, do papel do crítico para a carreira do artista?
Existem críticos, críticos e críticos...
Servem melhor como intérpretes da criatividade. Auxiliam no entendimento das artes; quase sempre, praticam o proselitismo das artes, realizam-se, também, condicionando indivíduos e grupos a seguirem certas e determinadas correntes. São bons quando poetas, melhores se biólogos. Psicólogos também são bons críticos de arte. Os mais fracos são comentaristas, jornalistas e cronistas sociais.
Os grandes críticos são raros. Raríssimos. Para os verdadeiros criadores, atrapalham mais do que ajudam.
Como planeja suas exposições? Recebe algum apoio? Patrocínio? Qual?
Uma exposição é como um parto, mostra quando tiver o que mostrar. O criador apóia-se na sua própria obsessão de transformar o mundo.
Patrocínio? É raro, difícil e desgastante. A maioria dos "mecenas" tem interesses particulares, ou estão pensando em usufruir vantagens, presentes ou futuras. O maior patrocinador do artista plástico é ele próprio.
Participa de salões de arte? Que importância dar a eles?
Quando jovem e inexperiente, os salões representam umas das poucas chances de mostrarmos o que fazemos. Depois, tornam-se um circo repetitivo e monótono. O mesmo acontece com as bienais e exposições competitivas. A política rege o espetáculo!
Acredita na distinção arte comercial e arte de salão? Por quê?
Arte é arte quando arte. Arte comercial? Será que se refere a propaganda? Arte propaganda é produzida para agradar o consumidor e vender o produto. Arte de salão, para agradar aos membros do júri. E ao público que acredita ser àquele "tipo de arte" a única e verdadeira.
O que pensa sobre a linguagem da instalação?
Existem instalações interessantes, criativas. Outras, imitativas e burras. Em fim: qualquer tendência ou ismo podem ser positivos quando o autor é um artista criativo e imaginoso.
Existem instalações interessantes, criativas. Outras, imitativas e burras. Em fim: qualquer tendência ou ismo podem ser positivos quando o autor é um artista criativo e imaginoso.
Acredita na queda do suporte tela?
Tudo o que o homem faz com intensidade, concentração, dedicação exclusiva, invenção e criatividade, não importa o suporte, tem grande chance de permanecer entre os valores da cultura humana.
Na sua opinião, quando papel marchand no mercado atual? Acha que os decoradores ocuparam esse espaço?
Uns merecem os outros, e ambos sobrevivem de acordo com a instrução, preparo e educação do público que os abriga e suporta.
Qual papel da galeria na valorização de uma obra? Qual sua importância no comercio da arte?
As galerias e o comercio de arte respondem também ao contexto cultural ao que permanecem.
Qual o papel do museu? Qual sua importância na construção da carreira do artista?
Os museu têm uma função pedagógica e motivadora. É uma situação diferenciada do mero comercio de arte e das galerias.
O que pensa a respeito da universidade? Como ver o curso da EBA?
As universidades não preparam nem educam artistas, servem bem mais na formação e preparo de gozadores de arte, assim como educadores.
Para o mercado, qual a importância do currículo? O que julga ser um bom currículo? Isso influência o valor da arte ou do artista?
Os currículos só servem àqueles indivíduos ou organizações que os consideram de alguma valia!: Também eles são preparados com a intenção de "impressionar".
Quanto vale o nome do artista? Como se constrói um nome? Acredita que depois de consolidado ele valha mais que a própria estética da arte? Quanto vale ($?) o nome do artista?
Nada e tudo! Depende de fatores imponderáveis, não racionais. Parte já respondida nos parágrafos anteriores. Um artista é um homem, e não uma instituição.
Qual a importância do marketing na formação da carreira do artista? Qual a importância da mídia? O artista deve ter assessoria de imprensa?
Marketing-mídia - o criador não é produto de sistemas operacionais predeterminados. A função do artista é transformar, ampliar e enriquecer o mundo dos homens!
O que pensa sobre o futuro das artes plásticas na Bahia? No Brasil?
O futuro é como o passado, e exatamente como o presente, só sobreviverá se seus criadores se dedicarem de corpo e alma ao processo de criação, sem reservas.
Que dicas daria para quem deseja se dedicar integralmente as artes plásticas? Como ver essa carreira em termos profissionais?
Leia...! Leia muito sobre arte. Escola os exemplos que você gostaria de imitar, de acompanhar, de seguir a trajetória, aí, então, dedique toda a sua vida à tarefa de ser tão grande e importante quanto àquele que o antecedeu na história da arte, como da vida.
Você se considera um artista profissional, se é que acredita nisso? Que meios utilizou para atingir os seus objetivos? Já conseguiu? O que falta?
Um artista é ou não é artista. Ser profissional implica comportamentos comuns a grupos predeterminados e a regimentados em classes, eventualmente, sindicalizados. O artista sindicalizado será um artesão, nunca um criador. Foto: Isabela Oliveira
Uns merecem os outros, e ambos sobrevivem de acordo com a instrução, preparo e educação do público que os abriga e suporta.
Qual papel da galeria na valorização de uma obra? Qual sua importância no comercio da arte?
As galerias e o comercio de arte respondem também ao contexto cultural ao que permanecem.
Qual o papel do museu? Qual sua importância na construção da carreira do artista?
Os museu têm uma função pedagógica e motivadora. É uma situação diferenciada do mero comercio de arte e das galerias.
O que pensa a respeito da universidade? Como ver o curso da EBA?
As universidades não preparam nem educam artistas, servem bem mais na formação e preparo de gozadores de arte, assim como educadores.
Para o mercado, qual a importância do currículo? O que julga ser um bom currículo? Isso influência o valor da arte ou do artista?
Os currículos só servem àqueles indivíduos ou organizações que os consideram de alguma valia!: Também eles são preparados com a intenção de "impressionar".
Quanto vale o nome do artista? Como se constrói um nome? Acredita que depois de consolidado ele valha mais que a própria estética da arte? Quanto vale ($?) o nome do artista?
Nada e tudo! Depende de fatores imponderáveis, não racionais. Parte já respondida nos parágrafos anteriores. Um artista é um homem, e não uma instituição.
Qual a importância do marketing na formação da carreira do artista? Qual a importância da mídia? O artista deve ter assessoria de imprensa?
Marketing-mídia - o criador não é produto de sistemas operacionais predeterminados. A função do artista é transformar, ampliar e enriquecer o mundo dos homens!
O que pensa sobre o futuro das artes plásticas na Bahia? No Brasil?
O futuro é como o passado, e exatamente como o presente, só sobreviverá se seus criadores se dedicarem de corpo e alma ao processo de criação, sem reservas.
Que dicas daria para quem deseja se dedicar integralmente as artes plásticas? Como ver essa carreira em termos profissionais?
Leia...! Leia muito sobre arte. Escola os exemplos que você gostaria de imitar, de acompanhar, de seguir a trajetória, aí, então, dedique toda a sua vida à tarefa de ser tão grande e importante quanto àquele que o antecedeu na história da arte, como da vida.
Você se considera um artista profissional, se é que acredita nisso? Que meios utilizou para atingir os seus objetivos? Já conseguiu? O que falta?
Um artista é ou não é artista. Ser profissional implica comportamentos comuns a grupos predeterminados e a regimentados em classes, eventualmente, sindicalizados. O artista sindicalizado será um artesão, nunca um criador. Foto: Isabela Oliveira
